quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Leite-de-galinha (Ornithogalum concinnum)

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Leite-de-galinha * (Ornithogalum concinnum  (Salisb.) P. Cout.?)

Plantas fotografadas em três locais diferentes, mas que são todas elas, suponho eu, da mesma espécie.
Avistei a primeira, em 17 de junho deste ano, isolada, na encosta do Cântaro Raso (Serra da Estrela) à beira da estrada (fotos 1 e 2) e ao observá-la, tendo na lembrança imagens vistas anteriormente, pensei estar em presença da espécie Ornithogalum broteroi, ideia que só abandonei ao ler aqui que esta espécie não tem mais que uma folha, não sendo este o caso das plantas acima reproduzidas. Forçado a novas pesquisas, acabei por chegar à conclusão (?) de que a espécie em questão não poderia ser outra que não fosse a indicada em título.
Ainda na Serra da Estrela e na mesma data, uns quilómetros mais abaixo (por estrada) em direcção à Covilhã, numa zona relativamente plana, afastada da estrada, a altitude entre os 1200 e os 1300m, encontrei, não uma planta isolada, mas mais duma dezena beneficiando da sombra duma rocha arredondada, formando quase um círculo completo à volta dela (fotos 3 e 4).
Dias depois, em 24 do mesmo mês, fui encontrar vários outros exemplares mesmo junto à nascente do Rio Côa (à altitude de 1175m) na Serra das Mesas (elevação de natureza granítica integrada geomoforlogicamente na Serra de Malcata, onde esta, por sinal, atinge a sua maior altitude - 1256m -  situada na freguesia de Fóios, concelho do Sabugal e a que é atribuída localmente aquela designação) (fotos 5 e 6).
Já vai longa a descrição da excursão, pelo que é altura de olhar para a planta:
Partindo do pressuposto que a identificação supra está correcta, a distribuição da espécie, segundo a Flora Digital de Portugal está limitada a Portugal. Porém, de acordo com a Wikipédia em língua espanhola, trata-se dum endemismo ibérico presente nalguns lugares de Portugal e nas regiões mais ocidentais do Sistema Central espanhol. Por sua vez, o "Dias com árvores" considera também a espécie como um endemismo peninsular que "ocorre no noroeste da Península Ibérica e ainda no Cabo da Roca e no litoral de Alcácer do Sal", geralmente "em clareiras de matos e de bosques, sobre solos silícios, em altitudes dos 200 aos 2000m". Acrescentaria eu da minha lavra que também surge, partindo do aludido pressuposto de estar certa a identificação, em relvados húmidos, como é o caso das plantas encontradas junto da nascente do Côa, nascente que, recorda-se, se situa a escassas duas centenas de metros da fronteira luso-espanhola, facto que me leva a concluir que o mais provável é que se trate efectivamente dum endemismo ibérico, até porque a Serra de Malcata se integra no sector mais ocidental da Cordilheira Central da Península.
Floração: de março a julho.
*Compartilha com outras espécies do mesmo género não só a designação comum de Leite-de-galinha, mas também a de Donzelas.
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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Macela-de-São-João (Achillea ageratum)




Macela-de-São-João* (Achillea ageratum L.)

Planta herbácea, da família Asteraceae, tem base lenhosa, caules simples ou ramificados (20-80 cm de altura), folhas basilares pecioladas e  recortadas; as superiores sésseis e com margens serradas; flores pequenas e numerosas agrupadas em inflorescências dispostas em corimbos coloridos de amarelo-forte.
É considerada nativa da Região Mediterrânica Ocidental. Em Portugal ocorre sobretudo, no centro e sul do país, em terrenos incultos, geralmente húmidos e, normalmente, em solos mais ou menos argilosos.
A época da floração é, frequentemente, situada entre os meses de julho e setembro, mas as plantas das imagens já estavam em plena floração no final do mês de maio.
* Outras designações comuns: Macela-francesa; Mil-em-rama; Milfolhada
(Local e data: Serra da Arrábida; 29 - maio -2011)
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terça-feira, 18 de outubro de 2011

Campainhas (Campanula erinus)

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Campainhas, ou Campânula (Campanula erinus L.)

Herbácea anual da família Campanulaceae, de pequenas dimensões (até 30 cm, que raramente atinge) geralmente ramificada, a partir da base, distribui-se pelo sul da Europa, norte de África, oeste da Ásia e Macaronésia. Em Portugal encontra-se, a crer no mapa aqui consultado, por quase todo o território do continente.  Trata-se, aparentemente de uma espécie pouco exigente, pois é capaz de aproveitar a fenda do topo dum muro de pedra e cimento para ali germinar e para nela se desenvolver até até ao ponto de florir (foto 1), embora não tenha, como é evidente, condições para atingir grande dimensão (no caso, não ia além dos 5-6 cm). Também aparentemente, não aprecia a concorrência, pois apresenta-se, geralmente, isolada, em muros, no meio de rochas ou mesmo entre as pedras dos caminhos.
Floresce a partir de Março. 
(Agradecimentos à Crix, pois a ela devo o ter identificado esta planta que, há uns tempos, tinha guardada nas minhas "reservas")
(Local e data: Encosta junto ao Estuário do Tejo - Fonte da Pipa - Almada; 05 - maio - 2010)
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quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Feto-pente (Blechnum spicant)

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Feto-pente [Blechnum spicant (L.) Roth]
Espécie da família Blechnaceae, o Feto-pente distribui-se por grande parte da Europa, norte de África, parte da Ásia (Norte, Ásia Menor e Cáucaso) Macaronésia (com excepção de Cabo Verde), Islândia e região ocidental da América do Norte. Ocorre geralmente em zonas húmidas e sombrias, em vários tipos de solos (já vi a espécie em terras de xisto e em terras de granito) geralmente ácidos, até 2200 metros de altitude. Em Portugal, para além dos Açores e da Madeira ( que fazem parte, como é sabido, da Macaronésia) encontra-se também no norte e centro do território do Continente.
Tal como outras espécies do género Blechnum, o Feto-pente possui dois tipos de frondes: as estéreis, em geral, numerosas, persistentes no inverno, com  pecíolo curto, e folíolos relativamente largos e próximos uns dos outros; as fertéis, muito menos numerosas, dotadas de pecíolo comprido,  folíolos estreitos e mais afastados uns dos outros, e  que não sobrevivem durante o inverno. Mais compridas as férteis que as estéreis, surgem aquelas no centro do tapete formado por estas. Quase se poderia dizer que as estéreis formam a cama onde as férteis acabarão por nascer.
Nas fotografias supra (1 e 2) são visíveis os dois tipos de fronde: numerosas as inférteis e uma só fértil em ambos os casos ( no foto 1, a fronde fértil está ainda em desenvolvimento e na foto 2  aparece já tombada no solo, aparentando estar seca). Na foto 3 está reproduzida a face inferior duma fronde fértil, sendo visíveis, com alguma boa vontade e depois de ampliada a fotografia, duas fiadas de esporos dispostos ao longo dos folíolos.
(Local e data: Mata da Margaraça, Serra do Açor, 16- junho- 2011)
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terça-feira, 11 de outubro de 2011

Teixo (Taxus baccata)




Teixo (Taxus baccata L.)

Planta, da família Taxaceae, que pode revestir a forma de um arbusto (2-3 m) ou de uma árvore (15 - 20 m) com copa em forma de pirâmide muito ramificada, com ramos horizontais ou pendentes, sobretudo na parte terminal. Apresenta folhas perenes, verde-escuro; flores unissexuais masculinas agrupadas na face inferior dos raminhos e as femininas, isoladas e pouco visíveis. A semente com tegumento lenhoso é parcialmente envolvida por uma cobertura carnuda designada por arilo de cor vermelha quando atingida a maturação, a qual  ocorre geralmente em setembro. A floração, por sua vez, decorre entre março e abril. 
Distribui-se por grande parte da Europa, oeste da Ásia e norte de África. Em Portugal ocorre de forma espontânea na Serra do Gerês e na Serra da Estrela e, alegadamente, também na Serra de Montesinho. Na Serra da Estrela, pelo menos, é considerada em perigo de extinção*. (Refira-se a este propósito que, em recente visita efectuada a esta montanha não encontrei mais que dois exemplares: um nas margens do Zêzere, próximo de Manteigas  (objecto das fotografias supra) e outro a ladear o caminho para o Poço do Inferno.)
Prefere solos frescos, geralmente em encostas, a altitudes entre os 500 e os 1500 m. 
É utilizada, com alguma frequência, como planta ornamental.
A planta é tóxica,devido à presença duma substância designada por taxina II**. Esta substância, no entanto, não está presente no arilo vermelho, o qual é utilizado como alimento pelas aves, as quais, por sua vez, servem de instrumento de dispersão das sementes.

(*Há vários factores que contribuem para o referido perigo de extinção: as sementes levam tempo a germinar (dois anos); a espécie é de crescimento lento nos primeiros anos, pelo que os produtores florestais optam facilmente pela sua substituição por árvores de crescimento mais rápido; e a sua toxidade, incluindo para os animais, leva à sua eliminação das pastagens)
(** Como não há bela sem senão (e vice-versa, digo eu) refira-se que desta substância deriva o taxol que é usado no tratamento de algumas espécies de cancros)
(Principais fontes utilizadas na elaboração deste comentário: esta e esta)
(Local e data: Serra da Estrela; 27 - setembro - 2011)
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sábado, 8 de outubro de 2011

Açafrão-bravo (Crocus serotinus)





Açafrão-bravo, ou Pé-de-burro (Crocus serotinus Salisb. )
Espécie bolbosa, da família Iridaceae, com 6-12 cm de altura, designada cientificamente por Crocus serotinus Salisb. divide-se, segundo as fontes consultadas, em três subespécies:
Crocus serotinus serotinus;
Crocus serotinus subsp. clusii; e
Crocus serotinus subsp. salzmannii .
Qualquer das subespécies floresce no outono e também todas elas são cultivadas como plantas ornamentais.
(Local e data: relvado nas proximidades da Lagoa Comprida - Serra da Estrela; 27- setembro - 2011) 
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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Campanula herminii

Campanula herminii Hoffmanns. & Link
Aquando da publicação pela Maria Carvalho, no "Dias com árvores", deste "post" sobre esta belíssima campainha, desde logo manifestei o meu desconsolo por não a ter avistado aquando da minha excursão pela Serra da Estrela, durante o mês de Junho. Logo, na altura, fiz a mim próprio a promessa de lá voltar para tentar encontrá-la. A promessa foi cumprida nos finais de Setembro e acabei por ter a sorte de ainda ter podido encontrar dois exemplares em floração: o da imagem, instalado na fissura duma rocha granítica e uma outra, no mesmo local, a meia  encosta, na vertente nascente do Cântaro Raso, a uns 1800 m de altitude.
Para mais completa informação sobre a espécie, recomenda-se ao visitante interessado que dê um salto até ao "post"citado, onde poderá encontrar indicações de longe mais fiáveis do que as minhas.
A Maria Carvalho, a quem agradeço mais esta dica, afirma  no "post" citado, que a espécie não tem nome vulgar registado em vernáculo. Todavia, supondo que o epíteto específico  (herminii)  faz referência aos Montes Hermínios, nome por que também é designada a Serra da Estrela,  não seria inteiramente descabido, julgo eu, baptizá-la de Campainha da Serra da Estrela.
(Data da obtenção da foto: 26 -09-2011)
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