sábado, 30 de junho de 2012

Serratula baetica subsp. lusitanica

 





Serratula baetica DC. subsp. lusitanica Cantó 
Herbácea perene da família Asteraceae, apresenta caule erecto que pode atingir até 90 cm, geralmente simples, raramente bi-ramificado, com folhas até ao ápice; folhas basilares pecioladas, lanceoladas, inteiras ou laciniadas, apresentando pêlos esparsos em ambas as faces do limbo, mais abundantes nas margens; as caulinares, sésseis ou sub-sésseis, lanceoladas, inteiras, dentadas ou serradas, por vezes laciniado-lanceoladas; flores de cor púrpura ou rosadas reunidas em capítulos terminais, com formato cilíndrico oblongo-ovóide ou campaniforme, protegidos por brácteas linear-triangulares providas de espinhos.
Trata-se dum endemismo português limitado ao centro e sul do país, com ocorrências confirmadas desde as Serras de Aire e Candeeiros (no centro) até ao Algarve, passando pela Estremadura, Serra da Arrábida e Alentejo. 
Paloma Cantó, autora de um estudo a que em nota final farei referência, distingue duas formas dentro da subespécie, correspondentes a outras tantas populações: a f. lusitanica, de populações basófilas (Algarve e Serra da Arrábida), caracterizada pela predominância de folhas inteiras e a f. sampaiana, de populações silicícolas, portadoras de folhas laciniadas. Como os exemplares acima reproduzidos foram todos fotografados na Serra da Arrábida não será ousada a conclusão de que se enquadram na f. lusitanica.
Floração: de maio a junho.
(Local e data: Serra da Arrábida; 22 - maio - 2012)
Nota final: Na descrição supra segui de perto um estudo da citada autora Paloma Cantó, estudo que me foi facultado pelo Miguel Porto, responsável, além do mais, pela concepção e programação do Portal Flora-On a quem fico a dever também a preciosa colaboração na identificação da planta. Cumpre-me, no entanto, assinalar, que as eventuais incorrecções ou imprecisões contidas no texto supra são da minha lavra e, logo, da minha inteira e exclusiva responsabilidade.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Carduus platypus subsp. platypus








Carduus platypus Lange subsp. platypus
O Carduus platypus é um endemismo ibérico subdividido em duas subespécies: o c.p.granatensis, que os espanhóis consideram como seu exclusivo, e o c.p. platypus que, sem reclamação de exclusividade,  é dado como presente do lado de cá da fronteira. É, porém, muito mais que provável que as duas subespécies ocorram dos dois lados da fronteira luso-espanhola, pois existem registos da presença do c.p.granatensis mesmo sobre a linha de fronteira como se pode constatar aqui
"Cardos" presentes em território português são mais que muitos, se nos ativermos à linguagem popular,  mas pertencentes ao género "Carduus" são apenas 10, segundo informa o Paulo Araújo, e o Carduus platypus é um deles. 
Planta herbácea, bienal, da família Asteraceae, possui um caule mais ou menos ramificado que pode atingir mais de um metro de altura. A forma das suas brácteas involucrais, compridas e recurvadas, é, seguramente, a característica que permitirá a um leigo saber que está na presença da espécie. 
Não é espécie muito comum, deduzo eu do facto de o Portal Flora-On não conter, nesta altura, mais que três registos de ocorrências, todas no centro do país. Quanto ao habitat da sua preferência, as certezas são poucas. Há quem a considere uma espécie ripícola; quem a tenha observado  em campos agrícolas cultivados e incultos. A minha experiência,  no entanto, não é coincidente com tais opiniões. De facto, o exemplar reproduzido nas imagens supra, embora encontrado na proximidade da barragem do Sabugal, situava-se bem afastado da linha de água, em terreno coberto de matos recentemente cortados e, em outros dois encontros ocorridos na Serra do Açor, no ano passado, as plantas, nestes casos, não isoladas, observavam, dispostas em clareiras de matagais situadas à beira da estrada, quem por esta passava.
Floração: de maio a julho, segundo a Flora Digital Portuguesa.
(Local e data: Barragem do Sabugal, 20 - junho -2012)
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terça-feira, 26 de junho de 2012

Craveiro-do-monte (Tragopogon dubius)







Craveiro-do-monte * (Tragopogon dubius Scop.)
Planta herbácea anual, ou bienal, da família Asteraceae, é considerada do ponto de vista do tipo fisionómico como "Terófito: planta anual cujas gemas de renovo provêm da germinação de sementes"; ou "Hemicriptófito: planta com as gemas de renovo situadas na superfície do solo, muitas vezes envolvidas por folhas em forma de roseta". Apresenta caule mais ou menos ramificado que, em geral, não ultrapassa os 50cm de altura; folhas sésseis, alternas, estreitas, inteiras, bastante compridas com pontas finas; flores todas liguladas, amarelas, reunidas em capítulos terminais protegidos por um número variável de brácteas triangulares e ponteagudas, bem mais compridas que as flores.
Refira-se como curiosidade que as flores só se abrem durante as primeiras horas do dia fechando-se no invólucro capitular durante as horas de maior calor ou de maior intensidade solar. Quem as quiser ver abertas terá, pois, de madrugar.
A espécie é nativa da Europa central e do sul e da Ásia ocidental. Encontra-se, no entanto, naturalizada, em vários estados do Canadá e dos Estados Unidos. Em Portugal, ocorre, segundo a Flora Digital de Portugal, no Alto Alentejo e nos vales da bacia do Douro e seus afluentes.  Prefere locais ensolarados, com alguma humidade, à beira de caminhos,  em terrenos baldios, em prados e em terrenos agrícolas em pousio.
Floração: de junho a julho;
* A referência à designação comum encontrei-a no Portugal Botânico de A a Z. Tal designação, no entanto não se me afigura nada condizente com características da planta.
(Local e datas: Rapoula do Côa - Sabugal ; 15 a 22 de junho 2012)
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domingo, 10 de junho de 2012

Erva-crina (Ajuga iva var. iva)


Erva-crina, Abiga, ou Erva-moscada [Ajuga iva (L.) Schreb. var. iva]
Herbácea perene, da família Lamiaceae, de base lenhosa, com caule ramificado, com 4 a 15 cm de altura, folhas oblongas ou oblongo-espatuladas, inteiras ou dentadas, pubescentes; flores dispostas aos pares em verticilastros axilares.
Distribuição geral: Região Mediterrânica, e Macaronésia (Madeira, Canárias e Cabo Verde). Em Portugal é dada como presente no Algarve, Alto Alentejo e Estremadura. Ocorre, segundo o Portal da Flora.on,  "em pastagens e prados xéricos, preferencialmente em argilas, calcários, margas ou areias litorais" [e] "em descampados e bermas de caminhos". 
A floração decorre durante um longo período a partir de maio.
(Local e data: estação de serviço de Santarém da A1; 06 - junho - 2012)
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sexta-feira, 8 de junho de 2012

Colher-de-pastor (Leuzea conifera) (Parte II)


Colher-de-pastor [Leuzea conifera (L.) DC.]
Em complemento deste post sobre a Leuzea conifera, publicam-se  agora estas duas fotografias obtidas posteriormente que mostram os capítulos já em plena floração. O visitante dirá se valeu a pena o regresso ao local do "crime". Eu sou tentado a responder afirmativamente.
(Local e data: Casais Robustos - Serra de Aire; 06 - junho - 2012)
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quarta-feira, 6 de junho de 2012

Metrosidero (Metrosideros excelsa)




Metrosidero, ou Árvore-de-fogo (Metrosideros excelsa Sol. ex Gaertn.*)
Árvore de folha perene, da família Myrtaceae, pode atingir até 20 m de altura e apresenta, geralmente, uma copa larga. É endémica da Nova Zelândia, onde se desenvolve em florestas das regiões costeiras. Foi, entretanto, introduzida para fins ornamentais em vários países de todos os continentes e nalguns encontra-se mesmo naturalizada. Não é o caso de Portugal onde também é usada como planta ornamental sobretudo em cidades ao longo do litoral. No entanto, segundo esta fonte, nos Açores (onde, por sinal, a vi, pela primeira vez, há largos anos) é considerada como planta invasora tal como na África do Sul.
Em Portugal, floresce entre finais de maio a julho.
Como curiosidade refira-se que a árvore monumental que se vê na última fotografia já não existe. A árvore em causa, fotografada no Jardim Botânico de Lisboa, já na altura era sustentada por fortes escoras que impediam que tombasse no chão. Algum vendaval mais forte entretanto surgido acabou por derrubá-la de vez. Em maio do ano passado já  lá não estava.
(*Sinónimo: Metrosideros tomentosa A. Cunn.) 
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segunda-feira, 4 de junho de 2012

Misopates calycinum


Misopates calycinum (Lam.) Rothm.
Planta herbácea, anual, da família Plantaginaceae, com caule erecto, ora simples, ora muito ramificado, que pode atingir entre 30 a 90 cm.
Planta nativa do sul da Europa (Península Ibérica, França e Itália) foi, no entanto, introduzida outros países, nalguns dos quais é considerada planta invasora. Em Portugal ocorre, pelo menos, no Algarve, no Baixo Alentejo e na Estremadura.
Habitat: campos agrícolas abandonados ou incultos, baldios, margem de estradas e caminhos, em sítios com alguma humidade e em solos frequentemente de origem calcária.
Floração: entre abril e junho
(Local e data: Estação de Serviço de Santarém na A-1; 27 - abril- 2012)
Floração

Cistanche phelypaea





si
 Cistanche phelypaea (L.Cout. 

Planta da família Orobanchaceae é desprovida clorofila e como tal parasita, fixando-se em raízes de plantas da sub-família Chenopodioideae, que estão presentes em sapais e em estuários, onde esta espécie tem também, e forçosamente, o seu habitat. A planta apresenta um talo carnudo, não ramificado que pode atingir até 40 cm. As flores amarelas, hermafroditas, agrupam-se em inflorescências cilíndricas.
Distribui-se pela Península Ibérica e por diversos países da bacia do Mediterrâneo, designadamente, do norte de África, ocorrendo também nas Canárias, em Cabo Verde e na Arábia Saudita. 
Em Portugal está presente no litoral desde o Algarve até, pelo menos, ao estuário do Tejo, não havendo notícia da seu aparecimento, no litoral português, a norte deste rio . Curiosamente, informa esta fonte que reaparece na Galiza na enseada Umia-O Grove que será o limite norte da sua ocorrência. 
Floresce, a partir de fevereiro/março. As 2 plantas fotografadas (em 1 de junho) estão já, como se pode ver pelas imagens, no final da floração.
(Local e data: Estuário do Tejo, nos arredores do Seixal; 01 - junho - 2012) 

sábado, 2 de junho de 2012

Withania frutescens



Withania frutescens (L.) Pauquy
Não é a primeira vez que se faz referência aqui no "Botânico Aprendiz" a esta espécie da família Solanaceae. De facto, em tempos fotografei um exemplar existente do Jardim Botânico de Lisboa e publiquei aqui, uma das fotografias então obtidas. Volto a falar dela porque, no mesmo dia em que avistei a Convolvus fernandesii a que se reporta o "post" anterior, também encontrei este exemplar de Withania frutescens em local não muito distante do sítio onde aquela vicejava, o que, na verdade, nada tem de surpreendente, visto que a Withania frutescens, embora não seja um endemismo português, ao contrário daquela, partilha o mesmo habitat, pois também só ocorre, em Portugal, nas falésias, ou nas suas proximidades, entre o Cabo Espichel e a zona de Sesimbra.
E tal como aquela é uma espécie rara. Confirma a asserção o facto de em todas as minhas deambulações pelo local nunca ter deparado com outro exemplar, designadamente, nas imediações do acima reproduzido. 
À emoção de ter encontrado a espécie no seu habitat natural, veio juntar-se, no entanto, o receio pela sobrevivência da espécie no local, não só devido ao facto de constatar a sua raridade, mas, sobretudo, por  dar conta que o exemplar fotografado não mostrava grande vitalidade, pois não tinha sinais, nem de flores, nem de frutos e a maioria das folhas tinha um aspecto amarelado. Fica a dúvida sobre se tal estado se fica a dever à circunstância de a planta ter já muita idade (denunciada pelo tronco grosso na base - foto 3) ou se é o resultado da pouca chuva caída durante este inverno. Lá mais para o verão, conto dar por lá mais umas voltas para me inteirar da situação e para, eventualmente, encontrar algo de novo.
Uma última nota para dizer que apesar da idade, o exemplar examinado não tem mais de um metro e meio de altura, com os ramos enovelados e de forma algo desordenada. Curiosa, porque não me apercebi desse facto, quando observei a planta no Jardim Botânico é a estrutura e forma do ritidoma, semelhante, à primeira vista (que outra não está ao meu alcance) com a cortiça. Certamente, uma forma de, simultaneamente, a planta se proteger contra os fortes ventos que sopram naquelas paragens e de evitar a perda de água, por evaporação, água que, nos sítios áridos e calcários onde vive (ou sobrevive), não abunda 
(Local e data: Cabo Espichel - Serra da Arrábida; 28 - maio - 2012)
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