Withania frutescens (L.) Pauquy
Não é a primeira vez que se faz referência aqui no "Botânico Aprendiz" a esta espécie da família
Solanaceae. De facto, em tempos fotografei um exemplar existente do Jardim Botânico de Lisboa e publiquei
aqui, uma das fotografias então obtidas. Volto a falar dela porque, no mesmo dia em que avistei a
Convolvus fernandesii a que se reporta o "post" anterior, também encontrei este exemplar de
Withania frutescens em local não muito distante do sítio onde aquela vicejava, o que, na verdade, nada tem de surpreendente, visto que a
Withania frutescens, embora não seja um endemismo português, ao contrário daquela, partilha o mesmo habitat, pois também só ocorre, em Portugal, nas falésias, ou nas suas proximidades, entre o Cabo Espichel e a zona de Sesimbra.
E tal como aquela é uma espécie rara. Confirma a asserção o facto de em todas as minhas deambulações pelo local nunca ter deparado com outro exemplar, designadamente, nas imediações do acima reproduzido.
À emoção de ter encontrado a espécie no seu habitat natural, veio juntar-se, no entanto, o receio pela sobrevivência da espécie no local, não só devido ao facto de constatar a sua raridade, mas, sobretudo, por dar conta que o exemplar fotografado não mostrava grande vitalidade, pois não tinha sinais, nem de flores, nem de frutos e a maioria das folhas tinha um aspecto amarelado. Fica a dúvida sobre se tal estado se fica a dever à circunstância de a planta ter já muita idade (denunciada pelo tronco grosso na base - foto 3) ou se é o resultado da pouca chuva caída durante este inverno. Lá mais para o verão, conto dar por lá mais umas voltas para me inteirar da situação e para, eventualmente, encontrar algo de novo.
Uma última nota para dizer que apesar da idade, o exemplar examinado não tem mais de um metro e meio de altura, com os ramos enovelados e de forma algo desordenada. Curiosa, porque não me apercebi desse facto, quando observei a planta no Jardim Botânico é a estrutura e forma do ritidoma, semelhante, à primeira vista (que outra não está ao meu alcance) com a cortiça. Certamente, uma forma de, simultaneamente, a planta se proteger contra os fortes ventos que sopram naquelas paragens e de evitar a perda de água, por evaporação, água que, nos sítios áridos e calcários onde vive (ou sobrevive), não abunda
(Local e data: Cabo Espichel - Serra da Arrábida; 28 - maio - 2012)
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