Carqueja [Pterospartum tridentatum (L.) Willk.*]
Pequeno arbusto, da família Fabaceae, muito ramificado, logo a partir do colo, formando uma moita geralmente densa e que, por via de regra, não vai além dum metro de altura.
Está presente na metade ocidental da Península Ibérica e no norte de Marrocos. Em Portugal ocorre de forma descontínua, ao longo de todo o território do continente, sendo particularmente abundante em terras de xisto. Ao invés, não me lembro de alguma vez ter avistado a planta em terras em que predomine o granito.
São reconhecidas três subespécies (P. t. tridentatum; P. t. cantabricum; P. t. lasianthum) todas presentes em Portugal.
Tal como noutras espécies do género Pterospartum, também no caso da carqueja, a função fotossintética é desempenhada, não pelas folhas, que são rudimentares (havendo mesmo quem negue a sua existência), mas essencialmente pelos caules que têm uma configuração pouco comum. Na verdade, os caules apresentam duas extensões longitudinais e lateralmente opostas, que aumentam a exposição das partes verdes da planta aos raios solares. As folhas apresentam-se sob a forma de um diminuto triângulo constituindo como que o prolongamento das referidas extensões do caule.
A carqueja tem, além da referida, uma outra característica que é a sua resistência aos incêndios que frequentemente assolam as zonas de floresta e de mato, onde tem o seu habitat preferencial. Passado o incêndio, apesar de consumidas pelo fogo as partes aéreas, a parte enterrada e não destruída não tarda a emitir novos rebentos que se desenvolvem com renovado vigor até por falta de concorrência doutras espécies entretanto também consumidas pelo fogo e sem a mesma capacidade de renovação.
Noutros tempos a carqueja era utilizada, nos meios rurais, para fazer a "cama" dos animais e era enterrada , juntamente com outros matos, nos terrenos de cultura para servir como fertilizante orgânico. Actualmente, com a desertificação do meio rural e o abandono dos campos, provavelmente tais usos tendem a ser residuais.
À carqueja são, no entanto, dadas outras utilizações: as flores secas são usadas, na medicina caseira, na feitura de infusões com alegadas propriedades diuréticas e os ramos são usados em culinária. Há, com efeito, quem diga que um simples ramo de carqueja confere ao arroz um sabor especial. Eu confesso que nunca experimentei, mas tenho um amigo, a quem já tenho fornecido algumas provisões de tal "condimento", que confirma tal asserção.
Floração: de maio a julho.
*Sinonímia: Genista tridentata L. (basónimo); Chamaespartium tridentatum (L.) P. E. Gibbs(Local e datas: Troviscal - Sertã; março - abril - 2011)
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8 comentários:
Tenho dois pés de carqueja plantados no meu jardim, terra de xisto. Trouxe-os de Vila Real, também terra de xisto. No meu jardim porém mantêm-se atrofiados, para meu desgosto...
Cumprimentos.
Caro Rafael Carvalho, talvez a sementeira resulte melhor. Uma hipótese de explicação para o fraco sucesso poderá ser, eventualmente, o excesso de humidade. A carqueja dá-se bem em encostas pouco húmidas.
...culinária é comigo!!!!!!!!!!!pois eu hei-de fazer o dito" arroz de carqueja"
Ginginha
Fico à espera.
A Serra da Peneda está cheia de granito e de carqueja :)
A carqueja está na moda.
Além de outros benéficios medicinais, atribuem ao seu chá propriedades hipoglicemiantes que beneficiam os diabéticos e os que desejam perder peso.
Apanhei este fim de semana 5 sacos grandes de flor de carqueja na Serra da Estrela. Estavam a crescer à volta de granito.
A carqueja era também amplamente utilizada como combustível, por exemplo, para aquecimento de fornos de cozer o pão, inclusivamente nas cidades.
Há poucos anos vivia ainda nas Fontainhas, no Porto, uma mulher idosa que, até aos anos sessenta, carregava molhos de carqueja à cabeça, desde as serras de Gondomar. Estes molhos podiam atingir os três metros de altura, e eram trazidos pelas mulheres ao longo de muitos quilómetros, por caminhos pedregosos, numa impressionante demonstração de força e equilíbrio.
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